Adolescência

Endometriose na adolescência

Desde a adolescência a mulher apresenta perda da atividade escolar devido às cólicas menstruais. Diversas vezes, foi levada ao pronto-socorro para receber medicação endovenosa e sempre recebeu a informação de que a dor referida era “normal”. Além das cólicas, refere sempre ter tido fluxo menstrual intenso.

Quanta vezes já nos deparamos com situações semelhantes à descrita acima? Conforme abordado aqui, a cólica é um dos primeiros sintomas da endometriose e não pode ser sempre considerada normal. Mesmo que não se trate de uma endometriose instalada, é possível o diagnóstico de uma endometriose insipiente, ou seja, que possa ficar evidente em algum momento futuro. Quando, por volta dos 16 anos, a adolescente apresenta cólica intensa é necessário o acompanhamento ginecológico.

É importante também que o ginecologista saiba reconhecer precocemente os sintomas em jovens com queixa de dor pélvica cíclica ou acíclica e pensar na possibilidade de algo incomum ao invés de classificar como “dor psicológica”, o que influencia negativamente a auto-estima da adolescente.

Como forma de diagnóstico, além da experiência do médico através de uma entrevista detalhada dos sintomas, devem ser solicitados exames. O ultrassom transvaginal não deve ser indicado para pacientes virgens e nesse caso a ressonância magnética, que é capaz de diagnosticar a forma profunda e ovariana da doença, é recomendada para diagnóstico.

Caso detectada a endometriose e de acordo com as características das lesões e intensidade dos sintomas, será necessário iniciar o tratamento clínico. O tratamento pode ser através de anti-inflamatórios não hormonais ou analgésicos ou ainda através de medicações hormonais como as pílulas anticoncepcionais.

Considerando que não é uma paciente que deseja engravidar nesse período da vida, é possível ofertar o tratamento hormonal pois alivia os sintomas em 70% dos casos, promovendo a melhora da qualidade de vida.

A paciente, mesmo que evolua com melhora total dos sintomas deve fazer o acompanhamento periódico com o ginecologista pois a endometriose pode permanecer em progressão, crescendo silenciosamente, mesmo estando a paciente assintomática. Portanto, recomenda-se a realização da ressonância ou ultrassom transvaginal com preparo intestinal uma vez por ano de preferência. Caso seja identificado o crescimento da endometriose ou persistência da dor mesmo na vigência de tratamento medicamentoso, deve-se considerar a cirurgia.